terça-feira, 29 de setembro de 2015

O avião de combustível que salvou um caça caindo aos pedaços sobre o Atlântico

Essa é uma história sobre pensamento rápido, talento e habilidade.


Aviões são bastante seguros, como você provavelmente já sabe. Mas isso não significa que nunca enfrentam problemas. Quando isso acontece, só uma equipe preparada, com coragem e boa vontade, pode se certificar de que tudo corra bem.

A situação


Em 5 de setembro de 1983, quatro jatos F-4E Phantom, caças-bombardeiros de alto desempenho da Força Aérea dos EUA, estavam voando sobre o Atlântico a caminho da Europa com o apoio de um KC-135, aeronave de reabastecimento aéreo (também chamada de “petroleiro voador”). Para fazer a travessia, os Phantoms precisariam de oito tanques a fim de satisfazer seus motores sedentos.

Estes cinco veículos faziam parte de um maior número de Phantoms e petroleiros em um voo transatlântico de rotina.

No meio do caminho, no entanto, um pouco antes do quarto reabastecimento, um dos F-4E pilotado por Jon “Ghost” Alexander começou a desenvolver problemas de motor.

De mal a pior 


O F-4E começou a pingar óleo. Um desvio de emergência, então, foi planejado em Gander, Newfoundland, no Canadá.

Mas tem coisas que não se pode planejar. De repente, a aeronave começou a se deteriorar rapidamente.

O Phantom perdeu velocidade e altitude simultaneamente. Com um motor mal se aguentando e outro prestes a pirar com as temperaturas mais altas e carga, o piloto Ghost decidiu abandonar seus tanques externos para reduzir o arrasto e o peso, na esperança de salvar seu jato – que estava, sem dúvidas, morrendo.

Não adiantou. Momentos depois, o sistema hidráulico do avião falhou, e a lista de opções disponíveis para Ghost se reduziu a uma: ejetar.

KC-135 entra em cena


Ainda a 830 quilômetros de Gander e encarando uma morte certa nas águas abaixo, o F-4E precisava de ajuda. E conseguiu. 


O KC-135 tripulado pelo capitão Robert Goodman, capitão Michael Clover, primeiro-tenente Karol Wojcikowski e Sargento Douglas Simmons passou à frente do Phantom, estendendo seus slats e flaps (dispositivos de hipersustentação) para retardar a velocidade do jato.

À medida que a altitude caiu para 4.000 pés (cerca de 1.200 metros) sobre a água, o petroleiro se ligou ao Phantom e começou a transferir combustível para seus motores. Considerando a falta de hidráulica e o impulso assimétrico produzido pelo F-4E, bem como o ângulo das aeronaves em baixa velocidade e altitude, esta não foi uma tarefa fácil.

O F-4E não conseguiu se segurar ao petroleiro, e mergulhou para o que seria um final inevitável nas águas abaixo.

Persistência


Mas o pessoal do KC-135 não desistiu. O avião perseguiu o Phantom a 1.400 pés (apenas 420 metros) acima das ondas.

Surpreendentemente, segurando a conexão, o petroleiro começou a literalmente rebocar o Phantom pelos últimos 250 quilômetros até Gander.

Conforme a costa de Newfoundland apareceu no horizonte, o piloto do F-4E foi capaz de aproveitar um resto do poder de um de seus motores agora arrefecido, desengatando do petroleiro e alinhando o jato com a pista principal de Gander, levando em conta as capacidades limitadas de desempenho da aeronave.

Assim, Ghost aterrissou o F-4E de forma segura, rolando até parar. A tripulação do KC-135 recebeu o Troféu Mackay por seus esforços além de sua responsabilidade para salvar a tripulação do jato da morte certa.

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